Sim, a Ferrari retornou ao topo do endurance e nas 24 Horas de Le Mans deste ano ela foi ao topo do pódio, com Alessandro Pier Guidi, Antonio Giovinazzi e James Calado pulverizando a concorrência ao carro #51 com uma vitória absoluta e literalmente ao rubro.
O carro #8 da Toyota chegou em segundo, com a Cadillac fechando o pódio, dando ao público presente o prazer de ver três marcas distintas, de três continentes diferentes, sendo representandos no pódio francês.
A CORRIDA
Largando da ponta a Ferrari foi logo superada pela concorrência, que em um início muito forte, parecia relegar o time italiano a talvez um lugar no pódio, com a Toyota (e a Porsche) se sobressaindo, tudo levando a crer que poderia ser mais um baile nipônico, mesmo com os dois carros tendo sido penalizados pelo BoP.
Mas Le Mans não é uma corrida qualquer e, se seus poucos mais de 13 Km não são para poucos, imagine se a chuva resolver dar as caras na corrida? E foi o que aconteceu: algumas cartas já estavam jogadas sobre a mesa, mas a chuva apareceu em duas ocasiões e tratou de embaralhar tudo, fazendo das 24 Horas de Le Mans a corrida mais incrível de todos os tempos.
Nos Hypercars nenhuma definição se fazia ser percebida até o clarear do dia, tal como era percebido o mesmo na LMP2 e na LMGTE Am, com um outro carro despontando na frente, mas nunca possibilitando se cravar um palpite.
OS ACIDENTES
Vimos o Porsche 963 privado da equipe JOTA bater sozinho quando estava na liderança, ainda com o céu claro e perder boa parte de sua carenagem, sobretudo, a da parte traseira, que ficou aos pedaços espalhados pela pista de La Sarthe.
Vimos também o carro vencedor da Ferrari se atrapalhar ao ver uma rodada à sua frente e ir parar na caixa de brita, precisando ser retirado do local por um guincho.
Também vimos o Toyota GR010 Hybrid #7 ser abalroado por um GT na sua esquerda e por um LMP2 à sua direita, em um momento de "slow zone", fazendo-o desistir da prova.
Tais azares também vitimaram os brasileiros, pois um pneus estourado na Ferrari de Daniel Serra o fez sair da corrida, bem como a batida citada no parágrafo acima de um LMP2 no carro da Toyota, fez André Negrão ver as chances do seu Alpine #35 vencer a prova ir por água abaixo, ainda que o mesmo tenha concluído a corrida.
Felipe Nasr por sua vez e de forma diferente, viu seu carro, o Porsche 963 #75, ficar pelo caminho devido há uma falha no sistema de alimentação de combustível, ao passo que Pietro Fittipaldi, que esteve entre os três primeiros nas horas iniciais da corrida, viu a sorte virar para JOTA, sua equipe, no momento que a chuva caiu em Le Mans, encerrando a prova no 13° posto de sua classe.
OS VENCEDORES
Da hora 20 em diante as coisas começaram a ficar mais claras em termos de vitória, pois Ferrari (Hypercar), Intereuropol (LMP2) e Corvette (LMGTE Am) mostravam consistência e uma ligeira vantagem que quando mudava, era para maior e assim foi se desenrolando o período final da prova.
Os pit-stops iam chegando e as vantagens mantidas e, de um certo momento em diante, cada piloto dentro do seu carro pareceia mais interessado em levar o brinquedo inteiro para a garagem, do que se aventurar a perder o que já havia conquistado - no grid a esta altura estavam aqueles que sobreviveram a quase um dia inteiro de corrida e sendo assim, jogar tudo a perder nos momentos finais não era o plano de ninguém.
Restando 40 minutos para o final da corrida vimos a última rodada de pit-stops e aí sim, salvo um azar muito grande, já era possível cravar quem venceria; quem estaria no pódio e quem teria muita lição de casa a fazer.
A Intereuropol, um time polonêz que nunca havia vencido em sua classe no WEC, deu a LMP2 aquela emoção ímpar, sobretudo, porque esta foi a última edição das 24 Horas de Le Mans que a classe participa valendo para o campeonato - em 2024 não teremos mais esta classe no WEC, ainda que em Le Mans haverá 14 vagas reservadas para os Orecas 07-Gibson.
Já a Corvette, veio "pequena" para Le Mans, mas mesmo com apenas um carro na pista, o time de fábrica norte-americano mostrou que uma estratégia bem executada, com um time de pilotos competentes no cockpit, será sempre a diferença numa corrida, que num caso como o de La Sarthe, faz todo e qualquer sacrifício valer a pena.
Ao final, uma multidão insandecida testemunhava um feito histórico para o automobilismo, que depois de 59 anos sem que o time de fábrica da Ferrari vencesse em Le Mans, o modelo 499P cruzava a linha em primeiro, com 100% dos fiscais de pista atônitos e celebrando aquilo que será contado pelos próximos 100 anos da corrida.
Em suma, foi um corrida de tirar fôlego durante suas 24 horas de execução, o que para os amantes do automobilismo, só faz com que a paixão cresça ainda mais.
Que venham os próximos 100 anos desta lendária, maravilhosa e brilhante corrida!
Fotos: Divulgação
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