ENDURANCE - O GRID DOS SONHOS NOS 100 ANOS DE LE MANS


O ano era 1923 e o circuito foi montado na pequena cidade de Sarthe, nas proximidades de Le Mans, França, onde 33 carros, cada um com dois pilotos, alternaram o volante entre os dias 26 e 27 de maio, naquela que seria uma prova que se tornaria icônica para o resto da vida.


Cem anos depois, na mesma cidade, porém em um circuito um pouco diferente (basicamente com a mesma extensão, porém por questões de segurança, algumas chicanes foram inseridas), 62 carros estão inscritos para esta verdadeira celebração ao automobilismo mundial, sendo que depois de alguns anos meio magra, a classe topo da competição passou a ostentar um bom volume de inscritos, contando neste ano com 16 carros na prova, onde 12 destes competem regularmente no Campeonato Mundial de Endurance, o WEC.

Além disso, na classe dos hipercarros temos sete marcas distintas envolvidas na prova, número superado apenas no longínquo ano de 2011, o que comprova que a convergência de tecnologias entre o WEC e o IMSA, que gerou a classe Hypercar, foi mais do que acertada.

Neste ano temos ainda algo especial para a corrida, pois uma de suas grandes protagonistas, a Ferrari, retorna ao topo do endurace depois de muitos anos longe dos holofotes e do glamour desta mágica prova francesa – não que ela seja mais importante que as demais equipes e fabricantes do grid, mas historicamente o time italiano está entre os maiores vencedores da prova e sendo assim, seu retorno é um marco também a ser comemorado.

Em suma, será um ano onde Porsche, Cadillac, Ferrari, Peugeot, tradicionais fabricantes mundiais e participantes da prova francesa, se unem a Glickenhaus e Vanwall para desafiar os nipônicos da Toyota, que ao longo dos últimos anos tem sido os homens a serem batidos.

A 91ª edição da lendária prova francesa será uma verdadeira festa para os amantes do automobilismo, pois além de ser uma corrida literalmente de resistência, veremos desfilar pelos pouco mais de 13 Km do traçado de La Sarthe o que há de melhor no mundo das quatro rodas – é bem verdade que na classe LMGTE, Porsche e Ferrari não estão com seus modelos atuais em pista, com o fabricante alemão vindo para a pista com os 911 RSR-19 e os italianos com a 488 GTE Evo (ambos via equipes clientes), porém isto passa com um mero detalhe, pois mesmo a série 992 do esportivo de Stuttgart sendo o modelo atual e a 296 sendo o par italiano, nenhum dos quatro carros perdem em beleza e desempenho em nada um para o outro.

Teremos 21 carros participando da prova neste ano, onde 14 destes competem no WEC e tal como a história recente do campeonato vem sendo desenhada, junto a Porsche e Ferrari citadas acima, teremos ainda carros da Aston Martin (modelo Vantage AMR) e um Chevrolet Corvette C8.R, sendo este o único time de fábrica desta classe.

O único senão vai para a classe LMP2, mas que de ruim não tem nada: os 24 carros inscritos desta classe são todos Oreca 07-Gibson, o que só demonstra a confiabilidade no conjunto formado pelo chassis francês e o motor britânico, que ano após ano tem seduzido cada vez mais times às competições de alto nível operando com este foguete, que pelo menos para esta classe, será a responsável pela maior regularidade do grid, onde o trabalho das equipes e dos pilotos, serão os únicos diferenciais a ser responsáveis pela vitória de um ou de outro time.

Como esta classe compete também no IMSA e no ELMS, respectivamente os campeonatos norte-americano e europeu de resistência, dos muitos carros que estarão em Le Mans neste ano (como regularmente ocorre), apenas 11 competem regularmente no WEC e sendo assim, a grande maioria são franco atiradores em busca de um lugar ao sol de La Sarthe.

Completa a lista de inscrito o Chevrolet Camaro ZL1 do projeto Garage 56, que neste ano trouxe um modelo adaptado da Cup Series da Nascar, para brilhar entre os 62 inscritos para este mega evento do automobilismo mundial.

BRASILEIROS NO GRID FRANCÊS

O Brasil de muito tempo se tornou um país permanente no grid das 24 Horas de Le Mans e, se não somos maioria, somos pelo menos uma nação respeitada na prova, haja visto que diversos brasileiros já saborearam o champanhe da vitória (ou mesmo do pódio)  desta grande corrida.

Neste ano teremos Felipe Nasr (Porsche) e Pipo Derani (Cadillac) na classe Hypercar; Pietro Fittipaldi (Jota) e André Negrão (Alpine) na LMP2 e Daniel Serra, único brasileiro na LMGTE Am, que pilotará uma Ferrari da Kessel Racing.

Podemos dizer que é um dos anos com o menor número de representantes brasileiros no grid de La Sarther, porém, como nos acostumamos ver, cada um destes cinco possuem chances reais de ir ao pódio ou vencer a edição deste ano em suas classes, o que só demonstra que nosso automobilismo se mantém em alta no cenário mundial.

Ou seja, nada há de tirar o brilho desta lendária prova, que desde sua corrida inaugural em maio de 1923 (deixou de ser realizada apenas no período da Segunda Guerra Mundial), vem sendo um dos grandes motores do automobilismo a da indústria automobilística mundial - em seus 100 anos de existência, o mundo inteiro mudou diversas vezes, porém o glamour e a magia das 24 Horas de Le Mans permaneceram intactos.

Não sabemos como serão os próximos 100 anos desta lendária corrida, porém podemos afirmar que os seus 100 primeiros anos foram de dar orgulho e prazer aos amantes do automobilismo mundo a fora!

Fotos: Divulgação

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Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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